Talleres en tránsito
Bolívia · El Alto, La Paz e Salar de Uyuni

2013 ︎ Residência e oficinas


O projeto Talleres en Tránsito, realizado por ocasião da SIART, Bienal Internacional de Arte de La Paz, consistiu na realização de oficinas oferecidas por artistas de diferentes nacionalidades e na produção de um filme, que fez parte do processo coletivo de residência. Participaram do projeto: Denise Alves-Rodrigues, Mariana Kaufman, Jairo dos Santos Pereira e William Tocalino (Brasil), Elisita Punto (Chile), Narda Alvarado (Bolívia), Galo Coca (Bolívia) e a curadora Beatriz Lemos em residência nas cidades de El Alto e La Paz, além da viagem ao Salar de Uyuni, por um total de tempo de vinte dias, dividindo-se em oficinas e pesquisas para o filme, que foi pensado com base no universo visual, social e político dessas cidades.



Talleres en Tránsito (“Workshops in Transit”)
Bolivia
2013 ︎ Residency

The project Talleres en Tránsito (“Workshops in Transit”), realized in the occasion of SIART, International Biennial of La Paz, consisted of workshops offered by artists of different nationalities, and the production of a film, collectively created by the participants in the artist residency. The artists Denise Alves-Rodrigues and Mariana Kaufman (Brazil), Elisita Punto (Chile), Narda Alvarado (Bolivia), Galo Coca (Bolívia), Jaro dos Santos Pereira and William Tocalino (Brazil), and the curator Bratriz Lemos, all participated in the project and were in residency in the cities of El Alto and La Paz, including a visit to the Salar de Uyuni, which in total lasted twenty days. The days were split into workshops and research that was done for the film, based on the visual, social, and political scope of these cities.


︎Texto curatorial para SIART, Bienal Internacional de Arte de La Paz

Talleres en tránsito

Talleres en tránsito consistiu na realização de oficinas de convivência e reflexão oferecidas por artistas de diferentes nacionalidades e na produção de um filme a partir de viagem ao Salar de Uyuni, durante o processo de residência artística, como um exercício de criação coletiva. O projeto, que ocorreu durante vinte dias na cidade de El Alto, Bolívia, contou com a participação de cinco artistas, Denise Alves-Rodrigues Elisita Punto, Narda Alvarado, Galo Coca e Jairo dos Santos Pereira, o videomaker William Tocalino, a cineasta Mariana Kaufman e a curadora Beatriz Lemos.

Direcionadas para a população jovem, as oficinas tiveram como base conceitual a reflexão sobre os territórios instáveis no contexto do espaço urbano e as práticas próprias de um contexto especial como El Alto, centrando-se em questões como a formação de uma nova ideia de cidade, o diálogo diário entre tradição e modernidade e a condição de uma cidade de migrantes.

As propostas de oficinas, que formaram a base para o roteiro do filme, foram vinculadas com as pesquisas e produções artísticas que culminaram na produção em vídeo, com anotações sobre o trabalho em comunidade, coletividade e o diálogo entre arte e sociedade. Uma experiência estética e política que nutriu os artistas de visualidades e poéticas encontradas e ocultadas nesse contexto.

A conexão entre o ciclo de oficinas e a produção de um filme buscou questionar as práticas artísticas contemporâneas vigentes, com o objetivo de pensar diálogos e estratégias de ação local, atuando na instabilidade de territórios como potência para a criação e gestão de outras possibilidades de compreensão e articulação dos mesmos.


* Esse projeto foi possível graças ao apoio da galeria Toulouse Arte Contemporânea, Fagulha Filmes e Plataforma.





︎Oficinas

· Desenhador Cósmico Artesanal, com a artista Denise Alves-Rodrigues (Brasil)
A oficina consistiu em exercícios práticos e teóricos para a construção de mapeamentos celestes. Através da apresentação de material histórico, foram estudadas em conjunto as formas como a humanidade desenvolveu técnicas para observar e conhecer os cosmos, relacionando questões como cultura popular, invenção, poder e conhecimento nativo para estimular o espírito científico autônomo latino-americano, com o objetivo de produzir reflexões e captar elementos para a construção de um aparelho de mapeamento celeste de uso coletivo feito pelos próprios participantes.

· Cílios em nuvem, sonhos e tecnologia, com a artista Narda Alvarado (Bolívia)
A oficina propôs discutir, compartilhar ideias, experiências, visões ou percepções sobre a natureza, funcionamento e conteúdo dos sonhos, os hábitos do sono, a construção de devaneios imaginários e a relação de todos esses aspectos com tecnologias, através do exercício e geração de pensamento visual (artístico e poético). Os participantes foram convidados a pensar sobre a concepção de sonho na cultura aymará, bem como na influência do rádio, televisão, celular, telefone fixo, computador e luz elétrica na conciliação ou interrupção do sono e as diferenças ou encontros entre os usos dessas tecnologias no campo ou na cidade.

· Como fazer memória ou como desconstruir a já feita, com o artista Jairo dos Santos Pereira (Brasil)
Nesta oficina, artista e lustra-botas dividiram entre si seus processos de trabalho, trocando discursos e fazeres a fim de construir e articular um espaço de memórias ou memoração crítica, onde foram compartilhados seus cotidianos, estórias e histórias, invenções, passados e impressões sobre o mundo.

· Oficina de mural, com Elisita Balbontin (Chile)
Oficina prática cujo objetivo principal foi a realização coletiva de um mural pelos participantes, uma obra que permanecesse na cidade e ativasse um novo espaço para os cidadãos. Os objetivos secundários foram baseados no desenvolvimento do processo coletivo, desde o planejamento, consenso comum, decisões de conteúdo, forma, cor, método e conclusão do trabalho.

· O corpo espaço ritual, com Galo Coca (Bolívia)
A oficina buscou uma revisão das tradições locais em busca da reflexão e construção de novas linguagens formais possíveis através da performance ou ação. Foi apresentada uma palestra introdutória sobre a performance como linguagem nas artes visuais e ações culturais locais, como rituais andinos e o uso de espaços públicos na cidade. A partir daí, foram propostas explorações na reconstrução, reinterpretação e evolução dos rituais e nos usos do espaço público, com base nas sugestões e preocupações dos participantes.

· Imagens da memória, com a artista Mariana Kaufman (Brasil)
A oficina propôs a observação do percurso das memórias individuais e coletivas, partindo do relato oral de cada participante, passando pela encenação desses relatos por seus corpos e culminando na criação coletiva de imagens geradas por essas encenações. Foi apresentada uma breve introdução, que tratou da história das narrativas, das encenações, das imagens e sons no cinema, além de abordar aspectos da linguagem cinematográfica: roteiro, atuação, fotografia, som e edição. O material produzido na oficina foi editado posteriormente para compor um filme.

Fotografias de Mariana Kaufman


︎Anexo

︎ Texto curatorial em espanhol