Permuta

PROGRAMAÇÃO COMPARTILHADA

Parceria com o Centro Cultural Municipal Oduvaldo Vianna Filho (mais conhecido como Castelinho do Flamengo), localizado na cidade do Rio de Janeiro, que resultou na ocupação do espaço com uma vasta programação durante quatro meses no decorrer do ano de 2015. Exposições, cursos, oficinas, cineclubes, apresentações sonoras e de dança preencheram o espaço, acompanhados por debates sobre arte, cidade, gênero, sexualidade, espiritualidade e tradição. 



Permuta (“Commute”)

A partnership with the Centro Cultural Municipal Oduvaldo Vianna Filho (better known as Castelinho do Flamengo), located in the city of Rio de Janeiro, resulted in the occupation of the space with a vast programming for over four months, in the year of 2015. Exhibitions, courses, workshops, film clubs, sound and dance presentations, all filled up the space, accompanied by debates on art, city, gender, sexuality, spirituality, and tradition.



PERMUTA é troca recíproca. é ação e reação.
é escambo. fala e escuta
Corpo, cabeça, estômago, sexo e espírito
Uma rede alastrada pelo labirinto do castelo
Um rito para o equinócio da primavera de vozes
A estação dos meteoros
Agô-Agô





Programação/participantes

· Meteoro: encontro de improvisação musical (entre) mulheres: Encontros com apresentações mensais cujo resultado foi a formação de um grupo de experimentação sonora que manteve o nome Meteoro e continuou suas atividades após o encerramento de Permuta.




· Falsa, exposição de Daniel Albuquerque (Rio de Janeiro, Brasil):
A imagem que foi erigida em uma sala do icônico Castelinho do Flamengo se valeu de materiais ordinários como o isopor e o biscuit para fazer comentários acerca da pintura e da escultura, inesgotáveis assuntos da história da arte. Faz parte do repertório do artista abordar em suas obras temas como a sexualidade, a sensualidade dos materiais, a presença e a mentira. Traçando relações díspares entre título e escultura, Falsa possibilitou uma leitura ampla de questionamentos, tratando-se portanto de uma obra em constante processo reflexivo.



︎ Texto curatorial

· “Tenho muito o que fazer, preparo meu próximo erro” – Sobre indeterminação, erro e acaso no processo criativo, curso com o artista Pontogor (Rio de Janeiro, Brasil):
Há muito tempo a ideia de indeterminação é discutida e desenvolvida por diversos artistas e pesquisadores de outras áreas, como a ciência e a psicologia. Indeterminação que chega ao ponto de ser utilizada como “ferramenta” e/ou método criativo. Esse curso apresentou alguns exemplos históricos e promoveu discussões a respeito do tema.


· Gira psicomágica, com o tarólogo e terapeuta Christophe Richart Carrozza (Itália):
Palestra aberta sobre tarot, psicomagia e metagenealogia.


· Introdução à mitologia afro-brasileira, curso com o educador Bruno Balthazar (Rio de Janeiro, Brasil):
O objetivo dos encontros foi apresentar ao público os mitos da cultura iorubá-nagô, representados pelos orixás – divindades africanas que simbolizam o conjunto de forças que regem o mundo. A cultura iorubá chegou ao Brasil por meio da diáspora africana, que trouxe negros nigerianos na condição de escravos, e, através da oralidade, se estabeleceu e ganhou novos aspectos a partir do contato com o homem europeu, dando origem a uma forma de culto denominada Candomblé. O curso abarcou um apanhado histórico do culto no Brasil, sua mitologia, a apresentação das dezesseis divindades que compõem o panteão afro-brasileiro e o pensamento filosófico do homem iorubá a partir da sua relação com os orixás.


· A voz-criatura: laboratório de polifonia, com o artista Tom Nóbrega (São Paulo, Brasil):
Oficina prático-teórica cuja proposta foi se desacostumar da nossa voz e das vozes alheias, num movimento de (re)descobrir que a voz é um fenômeno muito mais misterioso e contraditório do que imaginamos. Foram discutidas situações como o exorcismo, a glossolalia, a mediunidade e a esquizofrenia, por meio da investigação das diferenças entre a voz natural, a voz amplificada por microfones e a voz gravada, e a exploração das fronteiras entre a fala articulada, o grunhido, o grito, e o canto.


· Descolonizando tecnologias do corpo e da imagem, oficina com as pesquisadoras Angela Donini (São Paulo, Brasil), Marina Murta (Fortaleza, Brasil) e Taís Lobo (Vitória, Brasil):
O curso pretendeu mobilizar um processo contra-hegemônico de práticas em pesquisa, performance e produção audiovisual, que envolveu questões relacionais a arte, corpo e política, tendo os processos de subjetivação e as corporeidades como eixos de criação. O fio condutor da experimentação foi a identificação das interações entre poder, biopolítica, gênero e sexualidade e o acesso a experiências artísticas e teóricas que se lançam a outras perspectivas através da disputa pelas narrativas e construções imagéticas do próprio corpo.


· Corpo torto, curso com Jialu Pombo (Rio de Janeiro, Brasil):
Investigação acerca de usos e aparições do corpo na arte, com foco naquilo que há de torto. A partir de reflexões sobre processos de subjetividade, estudos de biopolítica, leituras históricas, pesquisas estéticas e experiencias de vida, formula-se esse corpo. Através da pesquisa, chega-se a tentativas de entendimento sobre o que é torto, como configura-se um corpo torto, em contraponto aquilo que está reto, direito. Apresentando obras artísticas e textos teóricos e literários, o curso estabeleceu associações para reconhecer procedimentos comuns no fazer-se torto enquanto mecanismo de potência política.


· 22.265 dias, exposição de Juliana Borzino (Rio de Janeiro, Brasil):
A exposição partiu de uma pesquisa de documentos históricos sobre a catalogação e interdição dos objetos que ocuparam o Castelinho durante um determinado período, quando o espaço ainda servia de residência particular. Por meio do deslocamento de memórias e da investigação das intermitentes estórias do lugar, foi proposto um jogo de lacunas que abriram margens para imaginarmos o destino dos bens ali contidos antes do espaço se tornar um centro cultural. O projeto atuou no limite da similaridade dos objetos e das negociações dos mesmos, trabalhando também o seu retorno ao espaço expositivo.



· Une Fleur sans nom e Un Battement d’un papillon, improvisação em dança Butô dos dançarinos Gyohei Zaitsu e Maki Watanabe (Japão/França):
Criadas pelos próprios dançarinos, as coreografias apresentadas foram extraídas de suas extensas produções artísticas dos últimos 15 anos e seguem a linha dos pioneiros da dança butô, Tatsumi Hijikata e Kazuo Ohno. Em Une Fleur sans nom, Gyohei busca sua dança entregando-se à improvisação dos afetos que surgem no momento mesmo da apresentação, pois Gyohei afirma que seus mortos lhe visitam enquanto ele dança, e que cada apresentação é uma experiência única, da qual nunca se sabe totalmente o que esperar. Em Un Battement d’un papillon, Maki dança nua, com uma flor seca, no silêncio: a poesia crua de um corpo no esplendor do limiar vida-morte-renascimento, uma mariposa a machucar-se na luz que tanto deseja.


· CineQueer: pós-pornô #6, mostra de vídeos:
Criado em 2012, o CineQueer consistiu em uma série de eventos com o objetivo de apresentar filmes e articular debates sobre (contra)sexualidades, gênero e prazeres dissidentes. A edição que aconteceu no Permuta abordou a pós-pornografia produzida na América Latina e contou com uma roda de conversa com Angela Donini, Bibi Campos Leal, Laura Milano e Érica Sarmet.



︎Anexo

︎ Material gráfico [cartazes]


FICHA TÉCNICA
Curadoria: Beatriz Lemos
Projeto gráfico: Lorena Mo
Produção: Equipe Castelinho do Flamengo